terça-feira, 11 de novembro de 2008

Moda e Cultura



Alheios ao mundo da moda, inúmeros críticos disseminam o equívoco pensamento de que moda é sinônimo de futilidade. Essa visão limitada que exclui a moda dos tópicos de conversa de intelectuais não analisa que, na verdade, a moda é parte importante do contexto social, influenciada e influenciando demais aspectos da sociedade.

A moda é reflexo de uma cultura e aspecto fundamental de análise para se entender determinado grupo. Segundo a estilista Andrea Monteiro, ela é um dos aspectos fundamentais para se entender uma civilização. "Moda é cultura e arte. Ela se altera de acordo com as mudanças da sociedade, mas também contribui para que essas alterações atuem nos padrões de comportamento. Além disso, quem produz moda estuda muito para fazê-lo. De fútil, não há nada. Há muito trabalho e estudo", afirma.

Para Monteiro, todo estilista deve buscar na arte e na cultura sua inspiração. "O profissional que mantém contato próximo com a arte tem muito inspiração para criar. A moda é uma arte e, como tal, deve tem um intercâmbio muito forte com as demais manifestações artísticas".

Formada em moda em Firenze, na Itália, ela sabe muito bem o que fala. "Na faculdade, sofríamos uma grande influência do renascentismo, até pela localização. Lembro-me também de uma ocasião onde tínhamos de nos basear em um artista e criar uma coleção outono-inverno", lembra. Na ocasião, o quadro por ela escolhido não foi de nenhum dos gênios italianos. Preferiu o quadro Beech Forest, do simbolista austríaco Gustav Klimt. "Acho um quadro muito forte, muito poderoso", justifica a estilista.

Ela vê, hoje em dia, Brasília como um panorama muito propício para a produção cultural. "À época da minha graduação, meu pai preferiu me mandar para o exterior para que eu tivesse um grande lastro cultural que pudesse me auxiliar profissionalmente. Foi muito importante para mim, mas, atualmente, a capital está repleta de cursos muito bons e está se tornando um pólo de cultura, o que foi pensado em sua construção", reflete.

Marco Aurélio Vieira, coordenador do curso de Design de Moda do Instituto de Ensino Superior de Brasília, o IESB, também vê muito potencial no cenário cultural da capital da República. "Meu maior destaque vai para o cenário da música eletrônica, cuja produção brasiliense tem grande repercussão nacional. Acho esse segmento underground capaz de causar revoluções".

Ela, que vai participar do BFF, já começa a busca por inspirações. "Acho que temos que nos imergir em arte, seja literatura, arquitetura, cinema... Não importa. É preciso embasamento cultural para criar algo verdadeiramente original". Durante os próximos dois meses, ela fará um tour pela Europa e, certamente, voltará com muitas idéias na cabeça. "Visitarei Londres, Madri, Milão e Firenze. Quero me infectar com a 'doença da arte', como alguns italianos chamam a sufocante atmosfera artística", brinca.



Beech Forest, Gustav Klimt (1902)